Se você ainda acha que café é tudo igual, precisa ler este artigo! Aqui, você entende melhor o processo do café especial, e quem conta é o casal Cláudia e Eduardo, especialistas no assunto e criadores do nosso querido Café Florêncio. Não perca!
A gente ama falar sobre café e nosso propósito maior é disseminar a cultura dos cafés especiais, então o convite para escrever aqui não poderia ter sido melhor.
Desde que começamos a trabalhar com cafés, mais especificamente cafés especiais, observamos que muitas pessoas associam o adjetivo “especial” a uma ideia sentimental e romântica. Alguns até pensam que cafés especiais são drinks com café, desses bem elaborados e bonitos na xícara.
Então, achamos importante nesta primeira postagem explorar um pouco da dúvida: Mas o que é um café especial? A seguir, você confere tudo o que precisa saber sobre o assunto!
O que é um café especial?
O termo vem do inglês “speciality”, significando “especialidade”, algo de qualidade superior. Falando objetivamente, no universo dos cafés, o termo “especial” significa que o café atendeu aos critérios de uma rigorosa avaliação e pôde ser considerado especial. Ou seja, “passou na prova”.
Mas como se avalia um café pra saber se ele é especial? Quem avalia? Vamos entender um pouco melhor.
Conheça o processo de avaliação dos cafés especiais
A SCA — Associação de Cafés Especiais — maior entidade relacionada ao café no mundo, criou uma metodologia de avaliação específica para isso.
De acordo com a metodologia da SCA, para um lote de café ser considerado especial, ele deve passar por três diferentes tipos de avaliação:
• Avaliação física do café cru (Green Coffee)
• Avaliação física do café torrado
• Avaliação sensorial
Avaliação física do café cru
Na avaliação física do café cru, são avaliados 350g de café verde cru. Se forem identificados defeitos, tais como: grãos totalmente pretos, totalmente ardidos, coco, atacado por fungos, contendo paus, pedras e outras impurezas, este lote já não pode ser considerado como especial. Por isso sempre costumamos dizer que ao comprar um café especial, você tem a garantia de estar adquirindo um café puro, pois defeitos como impurezas não são admitidos na avaliação.
Avaliação Física do café torrado
Na avaliação física do café torrado são avaliadas 100g de amostra do café, torrado entre 8 e 24 horas antes da avaliação. Nela não é permitida a presença de grãos imaturos.
Avaliação sensorial
A última avaliação é a sensorial, realizada por meio do método cupping, que tem como base o olfato e o paladar. Esse mesmo método é utilizado também para as negociações comercias. Aqui também há a exigência da torra ser recente (no mínimo 8 e no máximo a 24 horas antes da avaliação). A moagem deve ser feita, no máximo, 15 minutos antes da infusão do pó com a água. A degustação é iniciada quando a temperatura do café chega em torno de 70°C, entre 8-10 minutos após a infusão.
Nesta avaliação, diferentes atributos do café são considerados, são eles: fragrância e aroma, uniformidade, ausência de defeitos, doçura, sabor, acidez, corpo, finalização, equilíbrio, defeitos e a avaliação geral. Ao final desta avaliação, o café pode ser considerado:
• CAFÉ ESPECIAL: acima de 80 pontos
• CAFÉS COMERCIAIS FINOS: entre 70 e 80 pontos
• CAFÉS COMERCIAIS: entre 60 e 70 pontos
• CAFÉS INFERIORES: abaixo de 60 pontos
Todos os cafés acima de 80 pontos são considerados especiais. Dentro dessa faixa, há ainda uma subclassificação, segundo a qual:
• ESPECIAL RARO: entre 90 – 100 pontos, considerado um café exemplar
• ESPECIAL ORIGEM: entre 85 – 89,99 pontos, considerado um café excelente
• ESPECIAL: entre 80 – 84,99, considerado um café muito bom
Quem avalia?
Todo esse processo é feito por profissionais especializados, conhecidos como Q-graders. São profissionais certificados pelo Coffee Quality Istitute, capazes de fazer análises precisas através do olfato e do paladar. Se tornar um Q-grader exige dedicação e estudo. O programa de certificação dura 6 semanas de treinamentos intensos em laboratórios da SCA.
Mas a avaliação da SCA não é a única. No Brasil, por exemplo, temos também a ABIC — Associação Brasileira da Indústria do Café — que faz uma classificação de cafés, mas essa é conversa para outro post!
Mas não para por aí...
Mas não podemos dizer que café especial é só uma nota em uma avaliação. No universo do café especial toda a cadeia do processo produtivo é levada em consideração, com zelo e cuidado. Desde a certificação de origem, espécie e variedade do grão, colheita, beneficiamento e também a torra.
Esses são fatores determinantes para se obter um café de qualidade, de forma que a nota na avaliação é apenas consequência dessa série de processos realizados com critério por muitas mãos e muitos profissionais nos diferentes níveis de produção.
Assim, a gente pode concluir que cafés especiais compreendem grãos de alta qualidade, torrados com muita ciência para expressar todo potencial de qualidade sensorial. Isso resulta em um café aromático e saboroso. Além disso, a avaliação física dos grãos garante um café sem impurezas e sem misturas.
Além destas características, os cafés especiais são certificados como “conscientes”, já que outro aspecto comum no universo dos cafés especiais é a valorização de quem o produz, de modo que, ao comprá-lo, você tem a possibilidade de conhecer o grão, sua história e sua origem.
Diante de todo esse processo cuidadoso pelo qual passa o café, não dá pra dizer que é só café, né? ;)
Como você viu, o café especial é produzido em várias etapas, e o produto final não leva em consideração apenas a produção, mas também toda a cadeia produtiva, e é isso o que faz dele tão incrível.
Agora que você já sabe tudo sobre o café especial, dá uma olhadinha nos produtos disponíveis em nossa loja! É um café melhor que o outro.
E não deixe de acompanhar os próximos posts sobre café em nosso blog.
Fonte: SCA
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