No mês que marca a luta das mulheres, nada mais justo que comemorar a vida de uma das personalidades mais importantes do Brasil. A potiguar Nísia Floresta, pioneira em diversas áreas, foi escritora, professora e jornalista.
Apesar de ter sofrido com o apagamento, assim como outras mulheres cuja obra é essencial, é reconhecida e estudada como a primeira feminista do país.
Conheça a história desta mulher forte e nordestina!
Quem foi Nísia Floresta
Nísia nasceu Dionísia Gonçalves Pinto, em 12 de outubro de 1810, na cidade de Papari, Rio Grande do Norte. Filha de um advogado português e uma herdeira da região, cresceu em meio a revoltas sociais.
Ainda na infância, aos sete anos, foi enviada para um convento, onde desenvolveu seu gosto pela literatura e teve seus primeiros contatos com a escrita. Esse gosto foi muito incentivado pelo pai, por isso floresceu em sua vida.
Porém, assim como a maioria das meninas da época, foi obrigada a casar-se aos treze anos. Com isso, precisou se dedicar aos afazeres domésticos e abrir mão dos estudos. No entanto, a menina demonstrou sua personalidade muito cedo, e apenas alguns meses após o matrimônio rompeu com o marido e voltou para a casa dos pais.
Mais tarde, viveu um romance com Manuel Augusto, estudante de Direito e pai de seus dois filhos.
Depois, adotou o pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta, afirmando sua identidade de mulher nordestina, e começou a trabalhar pelo que acreditava, publicando textos em jornais, educando meninas e escrevendo livros.
Viveu em diversos lugares, pois sua família mudava-se com frequência. Entre suas mudanças estão Pernambuco, Rio de Janeiro e Europa.
Nísia teve uma vida longa, faleceu em 1885, aos 75 anos, na França, vítima de uma pneumonia. Em 1954, seus restos mortais foram levados para a cidade natal, onde estão até hoje.
Após sua morte, a cidade em que nasceu foi batizada com seu nome. O município de Nísia Floresta fica na região metropolitana de Natal, capital potiguar.
Uma mulher de seu tempo
Muitos dizem que Nísia foi uma mulher à frente de seu tempo, no entanto, nós acreditamos que ela foi uma mulher de seu tempo. Ela foi feminista, indianista e abolicionista: movida por seus ideais, defendeu o que acreditava com todas as limitações impostas a uma mulher do século XIX.
Como escritora, teve mais de 14 títulos publicados, sendo o mais importante deles “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”, escrito aos 22 anos. Ainda, trabalhou na redação do jornal “O Espelho das Brasileiras”, de Recife, em 1831. Na redação, expunha as condições precárias vividas pelas mulheres e defendia a educação para todas.
Por isso, aos 28 anos, já no Rio de Janeiro, abriu uma escola só para meninas. Na época, apenas meninos tinham direito à educação formal, enquanto que as meninas aprendiam afazeres domésticos.
No entanto, a escola de Nísia, o "Colégio Augusto” (nome que homenageou seu companheiro de vida), ensinava gramática, língua portuguesa, francês, italiano, ciências naturais e sociais, matemática, dança e música. Sendo assim, Nísia também é pioneira no que diz respeito à educação feminista.
“Direitos das mulheres e injustiça dos homens”
Inspirada pelas feministas inglesas da mesma época, escreveu seu primeiro livro “Direitos das mulheres e
injustiça dos homens”. Este não foi apenas o primeiro livro escrito por Nísia, mas também o primeiro livro feminista do país, e primeira obra escrita por uma mulher.
No livro, denuncia a divisão sexual do trabalho e questiona o papel social destinado às mulheres.
Existem controvérsias sobre a origem de sua obra: alguns o consideram uma tradução livre de Vindication of the rights of woman de Mary Wollstonecraft (1759-1797); outros afirmam que é uma tradução de Woman not inferior to man de Mary Wortley Montagu (1689-1762).
Museu Nísia Floresta
Como forma de celebrar a memória e tornar público o trabalho de Nísia, foi criado o Museu Nísia Floresta, em 2012.
Localizado no centro da cidade em que nasceu, o Museu tem o objetivo de difundir conhecimento sobre a história de Nísia e propor atividades culturais e artísticas para a população.
Assim, é um espaço muito importante de resistência feminista. Afinal, mesmo o trabalho de Nísia — tanto como escritora quanto educadora — sendo muito relevante, pelo simples fato de ser uma mulher, caiu no esquecimento (da mesma forma aconteceu com outras mulheres brasileiras, sobretudo nordestinas).
E é justamente por isso que não podemos deixar de mencionar sua importância e agradecer por seu legado. Nísia marcou a história do país, e precisa ser lembrada sempre.
Dessa forma, aproveitamos o mês das mulheres para fortalecer sua memória!
Você já conhecia a vida e obra dessa mulher que marcou gerações e foi a primeira feminista do Brasil?
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